
O ator Vicente Gil foi o mais recente convidado do Alta Definição, programa conduzido por Daniel Oliveira. O artista, que nunca escondeu a sua origem cigana e a mãe, Maria Gil, também ela atriz e ativista, é uma grande inspiração.
“Quem me dera que a minha mãe fosse a mãe de muita gente”, disse. “É uma mulher especial porque, acima de tudo, é uma grande mulher cigana, é uma grande mulher mãe. Tem o dom da palavra. Ajudou-me a construir o que eu sou”, acrescentou.
“Tenho saudades de uma coisa na infância, que era perceber que havia mais. Quando olho para trás, sinto um grande orgulho e uma grande nostalgia também pela minha mãe, que conquistou muito para os filhos. Havia problemas e ela nunca se escondia. Isso deu-nos uma grande inteligência emocional para lidar com certas coisas”, recordou ainda Vicente Gil.
Além disso, também não esquece o gesto da mãe quando decidiu que queria ser a representação. “Ela fez os possíveis e os impossíveis para eu conseguir entrar na escola de teatro. Sempre verbalizou o amor que tinha por mim. Mesmo nos dias de hoje não dá para fazer uma chamada sem uma palavra de carinho, essa troca sempre foi uma coisa muito natural”, lembrou.
“Claramente não tenho a imagem do que se pensa que é um cigano”
Muito desconheciam a sua etnia cigana ja que foge ao estereótipo do típico cigano. “À primeira vista, eu claramente não tenho a imagem do que se pensa que é um cigano porque existe uma ideia, que eu acho que é uma falsa ideia, que é uma ideia pejorativa sobre o que é que se acha que é um cigano”, apontou.
“Por exemplo, aqui na novela [Vitória], eu digo e as pessoas acham que estou a gozar. Mas depois também há o lado bom porque as pessoas ficam curiosas. De repente querem falar e questionarem-se, e querem debater-se com os próprios preconceitos. Portanto, só por ser cigano já estou a acrescentar alguma coisa às equipas, e nem que seja só para discutir o que é que é isto de ser cigano, o que é que é isto de ser uma pessoa fora da norma com um background completamente diferente. Um cigano também pode ser ator, também pode ser licenciado, pode ser loirinho, branquinho e pode ser bem vestido. “
“Já ouvi coisas muito desagradáveis no trabalho, não aqui [na SIC], ainda bem. Já estive a filmar e, de repente estás a ouvir pessoas a gozarem com ciganos. Fico em estado de choque e constrangido, aquilo estraga-me o dia. Detesto ouvir qualquer tipo de comentário pejorativo, sem qualquer fundamento lógico”, lamentou.